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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A HEGEMONIA ATUAL DA ALEMANHA NO IRONMAN DO HAWAII


A hegemonia atual alemã no Ironman do Hawaii vem sendo construída ao longo dos últimos 25 anos.
O primeiro alemão a subir no pódio havaiano foi o ex-nadador olímpico Wolfgang Dittrich, em 93, na 15a edição da prova.
Dittrich, o primeiro dos grandes ciclistas alemães do Ironman foi terceiro colocado nessa edição, tendo sido ultrapassado por Mark Allen e Pauli Kiuru ( Finlândia) ainda na primeira metade da maratona, após ter liderado a prova toda até então. Dittrich era um corredor mediano, mas uma grande inspiração para todos os triatletas naquela época.

Em 95 e 96 Thomas Hellriegel foi vice-campeão, perdendo nas duas vezes para excelentes corredores.
Em 95, Mark Allen tirou uma diferença de 14 minutos e ultrapassou Hellriegel na QueenK, no mesmo ponto onde no ano seguinte o alemão foi ultrapassado pelo belga Luc Van Lierde, estreante na prova e que estabeleceria naquele ano o recorde da prova que só seria batido 15 anos depois por Craig Alexander.
Em 97 Hellriegel investiu fortemente nos treinamentos de corrida, dosou as energias na etapa de ciclismo e enfim venceu a prova daquele ano.
Nesse mesmo ano o domínio alemão foi total, com Jurgen Zack em segundo e Lothar Leder em terceiro completando o pódio alemão.
Os alemães voltariam a vencer novamente nos anos de 2004 (Normann Stadler), 2005 (Faris Al Sultan) e 2006 (Normann Stadler).
Há quem afirme que se Stadler não tivesse os problemas mecânicos que o tiraram da prova em 2005 certamente o tricampeonato estaria garantido.
Após um longo jejum de vitória de seis anos de predomínio completamente australiano (Chris McCormack 2007 e 2010, Craig Alexander 2008,2009 e 2011 e Pete Jacobs 2012), os alemães voltaram a vencer nos últimos quatro anos.
Sebastian Kienle venceu em 2014, Jan Frodeno em 2015 e 2016 e Patrick Lange na última edição do último sábado, onde estabeleceu o novo recorde da prova com 8h01"40.
Desde a primeira edição em 1978, os Estados Unidos lideram o ranking com 20 vitórias (Dave Scott 6x, Mark Allen 6x, Scott Tinley 2x, Tim DeBoom 2x e Scott Molina, Gordon Hailer, Tom Warren e John Howard.
A Alemanha vem a seguir com 8 títulos, seguida da Austrália com 7 títulos.
Béiglca (Luc Van Lierde 2x e Frederick Van Lierde) e Canada (Peter Reid) vem a seguir com 3 títulos.
Portanto, em 41 edições da prova (em 82 a prova teve duas edições, saindo de Waikiki onde era realizada inicialmente passando para Kailua Kona), a hegemonia do triathlon Ironman pertence apenas a cinco países.

domingo, 15 de outubro de 2017

IRONMAN HAWAII 2017 - o relato de um entusiasta direto de sua poltrona em Santos.



O Ironman do Hawaii 2017 entra para a história como uma das mais emocionantes de todas as 39 edições da prova.
Seu protagonista maior, o alemão Patrick Lange, dono de um perfil carismático, quebrou todos as bancas de apostas que colocavam Jan Frodeno e Sebastian Kienle comoo os favoritos da prova e venceu com consistência pela primeira vez e, de quebra, ainda com o recorde mundial.
Debochado pelos seus conterrâneos no pódio no ano passado, Lange deu a volta por cima e ainda recebeu o abraço das duas maiores lendas do esporte na linha de chegada, os americanos Mark Allen e Dave Scott.
Desde a épica batalha na edição de 2010 entre Chris McCormack e Andreas Raelert, vencida por Macca, que não víamos na prova masculina uma batalha tão intensa.
Lange saiu para correr pouco mais de 11 minutos atrás dos líderes, após ter saído em 16º da água mas no pelotão agrupado e ter pedalado apenas o 12º (4h28, 16 minutos acima do recordista da prova, o austríaco Cameron Wurf, 17º ontem).
Correndo a maratona em 2h39"59, Lange simplesmente "amassou" todo o grupo que corria à sua frente. Um a um ele foi recuperando o tempo perdido até alcançar o líder até então, o canadense Lionel Sanders, que foi ultrapassado a pouco menos de 7 kms para a chegada.
Sanders não reagiu e deixou o caminho livre para o novo campeão mundial e recordista da prova.
O final ainda reservava outra surpresa. O britânico Dave McNamee ainda ultrapassou o alemão Sebastian Kienle para completar o pódio masculino dessa edição.
Incríveis 8h01"40 no "inferno" havaiano, que eu particularmente ainda não conheço.
No feminino, deu a lógica.
Atualmente a suíça Daniela Ryf não tem adversárias.
Mesmo enfrentando dificuldades de adaptação no pedal (segundo a mesma não estava entendendo o que estava se passando com seu corpo até o km150 do ciclismo), se manteve calma e esperou pacientemente que a prova começasse a funcionar para ela.
Nos últimos 20km de pedal Ryf simplesmente tirou os 5 minutos que a separava das líderes e ainda entregou a bike na frente para fazer uma das melhores corridas do dia e vencer com uma diferença de aproximadamente 7 minutos para a vice-campeã, a "rookie" britânica Lucy Charles. A australiana Sara Crowley completou o pódio.
Verdadeiramente uma prova onde os favoritos não se deram bem, essa edição do Ironman do Hawaii deixou algumas lições.
Foi uma edição onde quem trabalhou em silêncio durante o ano e sem muita performance midiática se deu bem.
Entre os BRASILEIROS, duas performances distintas e muito iguais no tempo final.
O Brasil coloca nessa edição do Ironman dois brasileiros entre os TOP 15 PRO MEN.
Thiago Vinhal foi o 13º com 8h27"24 e Igor Amorelli foi o 14º chegando dois segundos depois.
Igor optou por fazer uma prova performática (não no sentido ruim, mas no sentido de mostrar para a mídia que o Brasil tem um atleta muito forte e que ainda pode fazer bonito no Hawaii). Amorelli se manteve entre os líderes durante os primeiros 110 kms e durante algum tempo os olhos do mundo estiveram direcionados para a sua performance, mantendo-se na liderança por quase 10km até quase a chegada em Hawi, quando Kienle chegou no pelotão e assumiu a ponta junto com Sanders. O brasileiro acabou pagando o preço na corrida, com o tempo de 3h08"27 na maratona. Para ser top10 hoje no Hawaii é preciso correr abaixo de 2h50.
Vinhal optou por fazer sua estréia no Hawaii com uma performance mais consistente e equilibrada. Teve paciência para se manter entre os 25 primeiros do ciclismo e entregou a bike com uma diferença de 25 minutos para os líderes. Correndo a maratona em 2h55, foi recuperando terreno até figurar entre os top15 do mundo.
Reinaldo Colucci voltando ao Hawaii teve problemas na corrida, completando a maratona acima das 4h, finalizando a prova na 38º com o tempo de 9h38"30.
E fica a dica.
O IRONMAN se resolve mesmo é na corrida.
Sendo um bom ciclista e conseguindo se manter entre os líderes, certamente o bom corredor é que vencerá.
Fantástica mesmo foi a evolução do Ironmanlive.com, que desenvolveu aplicativos excelentes que deixaram nós, fãs da informação, loucos com todos os mecanismos de busca disponíveis para atualizarmos em tempo real a performance dos atletas.
O "tracker" disponibilizou tradução para a língua de origem do internauta, rastreadores individuais e um "passo a passo" dos líderes, tanto entre os profissionais quanto no Age Group,
Simplesmente sensacional.
Que venha 2018.
Alguém me leva pra lá para performar na informação ?

Créditos foto: Ana Lidia Borba (Flows Journal).